O QUE ESPERAR PARA 2022?
- VRemPauta
- 11 de dez. de 2021
- 4 min de leitura
As forças estagflacionárias atuando na economia mundial durarão?

Sem sombra de dúvidas os dois últimos anos foram extremamente delicados para as economias de uma forma geral. Mas o que os especialistas estão prevendo para o ano que bate à nossa porta?
Ao longo de 2021, os bancos centrais e a maioria dos economistas disseram que os fatores que causam o aumento da inflação e a desaceleração do crescimento seriam temporários. Os gargalos da cadeia de suprimentos diminuiriam, os preços da energia voltariam a patamares razoáveis e os trabalhadores dos países ricos (que estão ficando fora do mercado - por razões que ninguém entende completamente) voltariam ao trabalho. No entanto, à medida que 2021 se aproxima do encerramento dos mercados financeiros, o público e até os próprios bancos centrais começam a perder a fé.
O dilema que os formuladores de políticas econômicas enfrentam é espinhoso. A resposta clássica para uma inflação causada por interrupções no fornecimento é ignorá-la e deixá-la ir embora, por conta própria. Por que prejudicar economias com taxas de juros mais altas, que não desbloquearão portos, criarão novos suprimentos de gás natural ou acabarão com a pandemia? Em 2011, a inflação na Grã-Bretanha subiu para 5,2% como resultado do aumento dos preços das commodities, mas o Banco da Inglaterra manteve as taxas de juros baixas. Na área do euro, o Banco Central Europeu aumentou as taxas, ajudando a colocar sua economia de volta à recessão, e em pouco tempo se viu com a inflação bem abaixo de sua meta. A pergunta que ninguém ainda respondeu a contento é: Como a inflação em 2022, impulsionada pelos altos preços da energia e diante de uma insistência da pandemia, provavelmente diminuirá?
Esse compasso de espera, amplificado em todo o mundo, deixou a economia ainda mais frágil, em um estado latente de suspense com o aumento de infecções, e a nova variante Omicron sendo mapeada em todo o mundo.
“Não há como saber o quão ruim isso vai ficar”, disse Ángel Talavera, chefe de economia europeia da Oxford Economics.
A atual rodada de restrições já reduziu viagens e diminuiu a confiança do consumidor. Uma cepa com grande poder de letalidade e resistente à vacina pode colocar a economia em parafuso novamente, enquanto uma que se desdobre em sintomas leves pode deixar os sistemas de saúde sobrecarregados e impossibilitar que a recuperação plena tenha a velocidade de que precisamos.
Como mostrou um relatório divulgado na quarta-feira pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (O.C.D.E.), embora o crescimento tenha sido desigual, a economia mundial neste ano se recuperou mais rápida e fortemente do que o previsto. O relatório, compilado em grande parte antes das últimas notícias sobre o coronavírus, advertiu que o crescimento deveria desacelerar em 22: na zona do euro, de 5,2% em 2021 para 4,3% no próximo ano; e nos Estados Unidos, de 5,6% para 3,7% em 2022. A economia brasileira deverá crescer 5% em 2021, mas em 2022 há riscos de forte desaceleração e o PIB do país deve aumentar apenas 1,4%.
A organização caracterizou sua perspectiva como "cautelosamente otimista". Mas reiterou o quanto as reservas econômicas estão intimamente ligadas ao coronavírus: “A prioridade da política econômica é vacinar as pessoas”, concluiu o relatório.
Na verdade, a ameaça da Omicron para a recuperação é apenas a última de uma série de ziguezagues que a economia mundial tem sofrido desde que o coronavírus iniciou sua marcha pelos continentes no ano passado. As esperanças de que uma pandemia em declínio permitiria que a vida diária e o comércio voltassem ao normal foram repetidamente frustradas pelo vírus.
Mesmo antes dessa última variante sul-africana ser descoberta, uma quarta onda de infecções transformou a Europa novamente no hotspot mundial do Covid e gerou novas restrições, como lockdowns na Holanda e na Áustria.
Pessoas e empresas começaram a reposicionar sua postura otimista para um “modo de esperar para ver”. Outro dia eu disse numa entrevista que muitas coisas parecem estar em estado de hibernação, como o mercado de trabalho ou as decisões gerais de consumo de grande expressão. Na Secretaria Municipal de Fazenda de Volta Redonda temos essa percepção pelo fluxo de abertura de novas empresas, pedidos de alvarás, inadimplência e solicitações de guias para pagamento do ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), que ocorre quando um imóvel está sendo negociado.
Na mesma linha parece seguir o Banco Central americano: “Não está claro como isso afetará os níveis de desemprego e as taxas de inflação”, Jerome H. Powell, presidente do Federal Reserve, indicou na terça-feira que a preocupação com a teimosia da inflação estava crescendo. O O.E.C.D. também alertou que a inflação pode ser maior e durar mais do que o inicialmente previsto.
A ascensão da Omicron só aumenta o incômodo. Nos últimos dias, os poderes públicos brasileiros, em todas as esferas, reagiram com uma mistura confusa de avisos severos e brandos, proibições e incentivos de viagens, determinação ou eliminação de apresentação de passaportes vacinais, além de ataques hackers que obscurecem ainda mais as perspectivas econômicas. Essa resposta estilo “colcha de retalhos” combinada com a tolerância inexplicável das pessoas ao risco da doença significa que, pelo menos no curto prazo, os últimos caminhos do vírus terão um efeito muito diferente dependendo de onde você está e o que faz.
A incerteza extrema sobre a economia pode acabar sendo a única certeza.
コメント