Chamada também de segunda dose de reforço, orientação de mais uma dose de vacina na ocorre no Chile e Israel

A aplicação de uma quarta dose da vacina contra a Covid, começa a ser debatida no ministério da saúde nesta semana. Membros da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização Covid-19 (Ctai), vão abrir a discussão sobre uma possível nova etapa de imunização, atualmente adotada por países como Chile e Israel.
Desde o final de 2021, uma nota técnica do ministério recomenda a quarta dose no Brasil apenas para pessoas imunossuprimidas, quatro meses após a 3ª dose.
Alemanha e Estados Unidos, já admitem a possibilidade dessa aplicação, de uma 4ª dose, diante da explosão de casos da Ômicron.
O infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), um dos integrantes da câmara técnica, diz que o grupo vai avaliar a necessidade e o intervalo dessa dose adicional para idosos e profissionais de saúde no país.
Até o momento, não há estudos conclusivos sobre o assunto, que indiquem queda na proteção após o reforço ou em que momento isso aconteceria. Ontem, um painel consultivo do Ministério da Saúde israelense recomendou incluir nesse novo esforço todos os adultos, cinco meses após a terceira dose.
A ampliação ocorreu depois de pesquisadores israelenses analisarem resultados de efetividade, ou seja, dados sanitários da população, que mostraram que aqueles vacinados pela quarta vez alcançaram de três a cinco vezes mais proteção contra doença grave provocada pela Covid em comparação com quem recebeu três doses.
No Brasil, a dose adicional já vem sendo aplicada em Botucatu, no interior de São Paulo, nos idosos que residem em instituições de longa permanência. A cidade ampliou a cobertura vacinal e avançou etapas do programa desde que foi escolhida para um estudo do imunizante AstraZeneca, no ano passado. Hoje, 90,7% dos moradores estão totalmente imunizados e 65,9% já receberam a dose de reforço.
O chefe do departamento de Infectologia da Unesp, Alexandre Naime Barbosa, afirma que “muito provavelmente” a aplicação extra será ampliada no país.
— Os imunossuprimidos têm dificuldade de produzir anticorpos e de mantê-los por mais tempo, o que torna a resposta vacinal menos intensa e mais efêmera. Para a população em geral não existe um consenso sobre necessidade — afirma Naime Barbosa. — O mais próximo disso são os idosos, que em algum grau também são imunossuprimidos, porque vivem a imunossenescência (envelhecimento do sistema imunológico).
— Não temos resultados práticos em mãos, mas a Ômicron está aí. É um momento de muita infecção. Se tivéssemos mais tempo para decidir seria ótimo, mas infelizmente não temos. Trocar o pneu do carro com ele andando é muito difícil. Então essa pauta começa agora a ser discutida no Programa Nacional de Imunizações (PNI) — afirma o infectologista.
Segundo ele, a decisão terá mais peso em março, quando boa parte dos idosos completa seis meses do início da aplicação do reforço. Por outro lado, Naime Barbosa reconhece que é mais urgente levar a terceira dose para todos.
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